Torne-se ouro com as 7 operações da Alquimia Espiritual

Conheça as 7 operações da Alquimia Espiritual e entenda como ela se desenrola na nossa alma para nossa transformação e elevação.

Torne-se ouro com as 7 operações da Alquimia Espiritual

Olá! Hoje vamos falar de forma mais detalhada sobre as operações da Alquimia Espiritual, ou seja, quando a matéria trabalhada é o espírito. É o que chamam de transmutar o espírito de chumbo em espírito de ouro.

Infelizmente, durante muitos séculos a Alquimia se tornou sinônimo de obtenção de riqueza e imortalidade. Só que essa percepção da alquimia é amplamente equivocada. Percepção, inclusive, que levou a Alquimia a ser considerada uma pseudociência de transformar chumbo em ouro.

Atualmente, muita gente tem se interessando em, finalmente, entender o que é Alquimia e o seu propósito. A verdade é que ainda existe muita coisa “nebulosa” sobre a Arte e aos poucos vamos compreendemos, cada vez mais, que era muito mais que transformar chumbo em ouro físicos, mas sim uma ciência secreta de iluminação e elevação/liberação interior.

Compreender o processo alquímico pode nos ajudar a acelerar nossa evolução e esse é o propósito dela, na minha opinião. É incrível perceber como os mesmos processos de evolução que ocorrem em uma matéria mineral também ocorrem na nossa consciência.

Bom, vamos lá compreender melhor esse processo alquímico e como as operações da Alquimia Espiritual ocorrem em todos nós? No final, deixa seu comentário se tiver dúvida, ok?

O que é Alquimia Espiritual?

Se você chegou aqui agora – nos estudos alquímicos – quero que entenda a Alquimia como uma ciência ou algum tipo de psicologia espiritual, que tem como propósito a transformação ou mudança de um estado em outro, seja na matéria fisica, espiritual ou mental.

Enquanto do ponto de vista físico ela está preocupada em alterar e transformar as propriedades dentro da matéria, a alquimia espiritual está preocupada em libertar o “eu espiritual”, que está dentro de você, mas ainda não refinado, não trabalhado e envolvido por suas crenças e medos.

Eu gosto muito dessa faceta da Alquimia, pois ela é mais acessível e, embora algumas pessoas digam que sem a alquimia prática (em laboratório) não é possível a compreensão dos processos alquímicos, eu discordo.

O que é fascinante na Alquimia, na minha opinião, é que ela nos leva a um processo capaz de nos fazer evoluir, libertando-nos das nossas feridas centrais e crenças que muitas vezes nos levam a viver de forma tão limitada.

Existir como “ser puro” ou como consciência elevada é o estado final de transformação – o ouro – da alquimia espiritual. É uma forma de reestruturar a personalidade e os vários níveis de apego, evitação e identificação que possuímos.

Atualmente, podemos agradecer muito à Jung pelo interesse e estudo dedicado por anos pela alquimia. Grande parte de sua teoria está profundamente embebida no rico simbolismo alquímico.

Seu estudo nos trouxe, sem sombra de dúvidas, bagagem importantíssima para o entendimento de uma faceta espiritual e psicológica da Alquimia.

Jung, Simbolismo e a Ciência da Transformação

O famoso psiquiatra suíço Carl Jung é reconhecido como o principal defensor e promotor da alquimia atualmente. 

Ele argumentou que havia notado muitos dos símbolos encontrados em textos de alquimia aparecendo misteriosamente nos sonhos de seus pacientes – que em sua maioria não tinham conhecimento nenhum de Alquimia.

Ele concluiu que a Alquimia era uma expressão soberba dos símbolos universais da vida e, portanto, uma ferramenta altamente eficaz para o insight psicológico. 

Matéria Prima, Ouro e Pedra Filosofal são os símbolos mais comumente conhecidos relacionados à Alquimia, sendo que:

Materia Prima (ou “primeira matéria”) é um símbolo alquímico que reflete a noção de que todo o universo se originou de uma base sem forma primitiva. 

A ideia de uma “Materia Prima” pode ser rastreada até Aristóteles, que entendeu que existe uma força que mantém todas as outras formas existentes juntas, mas ela mesma é invisível – atualmente, nós a chamamos de “Espírito”. 

Este útero invisível ou força invisível é um campo de potencial puro que só pode vir à existência quando está incorporado em uma “forma”.

Na Alquimia, a “Matéria Prima” ou material primordial é o que sobra depois de termos reduzido a matéria em sua essência mais pura. 

Este é um poderoso símbolo psicológico porque descreve o processo interno de chegar a uma “realização central” ou, em outras palavras, tornar-se consciente da causa raiz de uma crença ou trauma dentro de nós.

As 7 operações da Alquimia Espiritual

A expressão latina “solve et coagula” é derivada de “solve”, que significa quebrar e separar, enquanto “coagula” descreve o processo de reunir os elementos de novo (coagular) em uma forma nova e superior.

-> Tem um artigo meu sobre o “solver e coagular”: O que significa Solve et Coagula?

Curiosamente, “solve et coagula ” é uma metáfora psicológica maravilhosa: ao perseguir o “ouro alquímico” (ou ouvir a nossa “vocação superior” intuitiva), “quebramos” as partes limitantes dentro de nós que estão no caminho de nossa transformação (Pedra Filosofal) em uma ser livre e íntegro (coagulação).

Embora não existam estágios universais de alquimia devido ao grande número de escolas existentes, estes são algumas das operações da Alquimia Espiritual mais amplamente aceitas:

1. Calcinação

A calcinação é a primeira das sete operações da Alquimia Espiritual. Ela é o processo de aquecer e decompor matéria-prima. Em outras palavras, um processo de quebrar partes de nós mesmos que estão no caminho de nossa própria felicidade. 

Frequentemente, preferimos estar certos ou cumprir uma ideia de “perfeição” do que ser verdadeiramente felizes, por isso continuamos negligenciando a exploração de nós mesmos – o autoconhecimento.

O estágio de calcinação representa o estágio de nossas vidas em que começamos a quebrar nossos egos, insegurança, teimosia, comportamento auto-sabotador, orgulho e arrogância, e colocamos isso de lado para que possamos descobrir o que está por baixo.

Na calcinação espiritual ocorre uma queima. Mas queima de quê?

De pensamentos, sentimentos e energias traumáticas, reprimidas, inúteis ou destrutivas que são trazidas à superfície com a intenção de queimá-las no “fogo alquímico”.

2. Dissolução

Depois de quebrar os aspectos da nossa personalidade que estavam nos “travando”, iniciamos o processo de dissolução, que é o quando nos sentimentos menos identificados com o nosso falso senso de identidade.

O que isso significa? É que, uma vez que estamos livres do nosso orgulho e após “queimar” as energias e emoções na calcinação, podemos dar um passo para trás e observar nossas qualidade positivas e negativas.

Nesta operação, muita coisa vem à tona, como nossa incapacidade de assumir a responsabildiade por nossos erros, nossa negação e evitação de memórias traumatizantes e outras tensões internas.

Esse “vir à tona” nos faz tomar consciência de como esse comportamento pode ter afetado outras pessoas e nós mesmos. É um processo interessante onde começamos a adquirir maturidade espiritual, é um processo genuíno do despertar espiritual.

Às vezes, esse estágio de transformação é ocasionado acidentalmente por doenças e infortúnios em nossas vidas que nos fazem realmente prestar atenção ao que estamos fazendo, tirando-nos de nossos padrões de evitação – ou negação da realidade.

Na dissolução, o que ocorre é verdadeiramente uma “limpeza”. As cinzas, antes deixadas como resquícios do processo de calcinação, são lavadas nas águas da emoção superior.

Todos esses reflexos emocionais antigos, traumas do passado, energias e crenças, são vistos como o que realmente são: âncoras que não nos serve mais.

Nosso olhar diante desses “entraves” antigos muda, e passamos a ver com mais maturidade. É um processo doloroso? Sim, bastante. Mas a liberdade conquistada após nos livrarmos das antigas ilusões vale o preço.

3. Separação

A separação é o estágio em que tornamos nossos pensamentos e emoções mais definidos, isolando-os de outros pensamentos e emoções. Podemos dizer que neste estágio estamos mais lúcidos, pois conseguimos definir nossas emoções e sentimentos.

O processo de separação envolve realmente o fato de nos tornarmos conscientes de nossos sentimentos mais autênticos – por uma pessoa ou por nós mesmos. 

Neste estágio, optamos por experimentar nossa raiva, frustração ou decepção em relação a outra pessoa ou a nós mesmos, em vez de voltar ao velho hábito de zelosamente tentar “perdoar” ou “esquecer” porque é a coisa “certa” ou confortável Faz.

Consegue identificar aí um comportamento de honestidade consigo mesmo? Pois é sobre isso que estamos falando. A capacidade de separar vem junto dessa honestidade.

A separação está intimamente ligada ao trabalho da sombra, no sentido de que devemos permitir que todos os sentimentos e pensamentos dentro de nós aflorem lado a lado. 

Isso nos ajuda a isolar elementos específicos de nosso caráter, a fim de vê-los e avaliá-los honestamente. Afinal, não podemos melhorar aquilo que desconhecemos, correto?

É por isso que o discernimento é o que mais caracteriza essa operação que ocorre a nível de consciência. Ela é a realização do que se iniciou nas etapas anteriores, uma vez que as velhas energias que não mais nos servem são trazidas à tona, queimadas e limpas. 

Depois de ver quanto da nossa vida anterior e perspectiva foi filtrada por lentes distorcidas, podemos escolher com mais consciência e competência quem devemos nos tornar. Separamos a pessoa que éramos de quem agora escolhemos ser. Isso é tão incrível!

4. Conjunção

Após a purificação e esclarecimento dos primeiros três estágios, devemos combinar adequadamente os elementos restantes dentro de nós por meio do processo de “Conjunção”.

Enquanto na etapa anterior nos separamos e aprendemos a distinguir todos os sentimentos e pensamentos separados dentro de nós, a Conjunção nos fornece a compreensão necessária para que aceitemos verdadeira e honestamente todas as partes do nosso “eu autêntico”.

Deixamos de lado essa ideia de que só o perfeito, bom e socialmente aceitável importam. Acolhemos nossas sombras, valorizamos nossas polaridades, reconhecemos a dualidade como nossa realidade.

É por isso que símbolos como casamento, união dos opostos, rei e rainha, sol e lua são utilizados para representar essa operação.

Quando experimentamos este estágio de Alquimia Espiritual, todos os nossos pensamentos e sentimentos inconscientes borbulham para a superfície e para a luz da percepção consciente.

Nesta perspectiva, começamos a olhar para a contraparte cósmica da visão que agora temos de “quem escolhemos ser”.

É quando, inclusive, de um ponto de vista mais místico, passamos a ver a realidade e a conexão que temos com os reinos superiores ou “algo maior do que nós”. Como Acima, tão Abaixo; Assim como é abaixo, é acima.

Durante o processo de conjunção, a introspecção, a meditação e adotar o hábito de escrever em um diário pode ser particularmente útil.

5. Fermentação

A fermentação é o início do nosso processo de renascimento. Esse estágio pode ser comparado à morte de uma uva, que então se torna o nascimento do vinho. 

Enquanto as primeiras quatro operações da Alquimia Espiritual apresentadas envolveram trabalhar com aspectos de nossa velha personalidade, no estágio de fermentação começamos a vivenciar momentos de nosso “eu mais refinado”.

A fermentação ocorre em duas partes: putrefação e espiritização. A primeiro é a decomposição de nosso antigo eu; o processo de morte interior pelo qual os velhos elementos de nossas mentes conscientes e inconscientes podem apodrecer e se decompor. 

Alguns chamam esse estágio de noite escura da alma, pois pode ser seguido por estados mentais problemáticos, como depressão.

Por outro lado, a Espiritização é a etapa em que começamos a olhar o mundo sob uma nova luz. Com a orientação certa e com um trabalho interno sólido, a Espiritização envolve o abandono de todos os aspectos de nós mesmos e de nossas vidas que não servem ou contribuem para a nossa transformação espiritual. É quando experimentamos momentos de grande paz interior e quietude.

Resumindo, o grande objetivo por trás desta operação é perfmitir que nosso “self” sombrio e problemático morra, e permitir que um novo self que seja escolhido conscientemente, alinhado com nossas aspirações mais elavadas surja no próximo estágio desse processo de transmutação.

6. Destilação

Uma vez que iniciamos nossa Espiritização, devemos encontrar uma forma de continuar a integrar todas essas realizações espirituais em nossas vidas, a fim de permitir que se tornem permanentes. Sendo assim, podemos dizer que a destilação é o nível de purificação adicional.

Um exemplo de destilação é encontrar maneiras de viver a partir de um lugar diário de paz interior – mesmo nas circunstâncias mais mundanas. 

Com a prática repetida o suficiente de “morrer constantemente e renascer no momento presente” sem entrar novamente nos hábitos, identificações e ciclos da mente, experimentamos uma transformação interior forte e profunda. No Oriente, isso é o que é mais definido como autorrealização ou “iluminação”.

Certas práticas, como atenção plena, meditação, ioga e auto-investigação, são úteis neste estágio.

7. Coagulação

Por fim, chegamos à Coagulação, a última das 7 operações da Alquimia Espiritual.

Semelhante à capacidade do sangue de formar coágulos para parar de sangrar, a Coagulação é o momento em que “quebramos a cabeça”, ou em outras palavras, nos tornamos livres da mente e permitimos que nossa consciência ou Alma se conecte com o Espírito, que é nossa matéria prima neste trabalho de evolução.

O ponto de encontro entre dois opostos, como o eu espiritual e a matéria-prima, o céu e o inferno, a vida e a morte, é o ponto onde a existência se torna autoconsciente. 

Este é o momento em que nossas vidas estão fora da dualidade; quando a matéria se torna Espírito – ou o Espírito se manifesta na forma material. É o verdadeiro: espiritualizar a matéria e coagular o espírito.

E então, o que você achou desta explicação sobre as 7 operações da Alquimia Espiritual? Espero que tenha ajudado você a compreender ainda mais essa maravilhosa – e pouco compreendida – Arte, que é a Alquimia.

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À medida que realizo meus estudos alquímicos e que busco praticar os ensinamentos da Grande Arte, trago para este espaço informações e dicas para todos aqueles que, assim como eu, enxergam a Alquimia como possibilidade de transformação e evolução.

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2 Comentários

  1. Leo disse:

    Obrigado pelo artigo. Você sabe responder se são 7 ou 12 operações alquímicas?
    Isso confunde os estudos, outra coisa é a bagunça em torno das fases, alguns artigos citam até uma fase chamada Azul. Você consegue me explicar? Obrigado.

    • Olá Leo!

      Obrigada pela visita! Sete ou doze operações não importa, uma vez que se percebermos, as doze acabam estando dentro das sete. Eu também me confundi bastante, sobre qual “classificação” seria a correta. Mas, não tem isso, pois as duas formas de “ver” esses processos leva em conta as escolhas pessoais de alguns alquimistas.

      Quanto às fases, o senso comum é que são três: nigredo, albedo e rubedo, com a inclusão – por parte de alguns autores – da quarta fase, que é a amarela (ou citrinitas). Nunca ouvi falar de uma azul rsrs. Essa fase amarela é citada por poucos estudiosos no assunto. Alguns acreditam que ela está entre o nigredo e o albedo, outros, entre o albedo e o rubedo.