Qual o simbolismo do Mundo?

Você sabe qual o simbolismo do Mundo? Neste artigo, você vai descobrir o significado do Mundo em diversas culturas!

Qual o simbolismo do Mundo?

Hoje vamos refletir um pouco sobre o simbolismo do Mundo no estudo esotérico. O livro que consultei para trazer as informações contidas neste texto, e que achei muito úteis, foi “O Dicionário de Símbolos, do Jean Chevalier“. Cabe ressaltar que vamos falar do mundo na perspectiva esotérica.

O Simbolismo do Mundo

De acordo com Chevalier, o mundo tem três níveis: celeste, terreste e infernal, que correspondem aos três níveis de existência ou três modos da atividade espiritual. A vida interior é assim projetada no espaço, seguindo o processo geral de formação de mitos.

Dando continuidade ao raciocínio de Chevalier, esses mundos estõ situados em espaços imaginários e definem-se uns em relação aos outros. Temos o “mundo de baixo” sob o “mundo de cima”, passando pelo que podemos chamar de “mundo intermediário”.

É interessante pontuarmos que em toda a literatura esotérica essa questão de mundo de cima, mundo de baixo e mundo intermediário é muito recorrente. Os próprios conceitos cristãos de céu, terra e inferno é um exemplo. Nas mitologias de várias culturas também é muito comum.

Voltando ao livro, temos que apenas essa linguagem e essa localização segundo um eixo vertical bastam para inscrever tais mundos em um movimento e uma dialética de Ascenção, que acentuam sua significação psíquica e espiritual. 

Mundo de cima e mundo de baixo

Do mundo de cima, o mundo intermediário recebe a luz, que para nele e não desce ao mundo de baixo, mas ele não a recebe a não ser na medida de seu desejo, de sua abertura ou de sua orientação. Ele conhece caminhos de sombras, essas fissuras morais, simbolizadas pelas fendas nas rochas, através das quais ele escorrega para o inferno.

Algumas vezes, o mundo debaixo apenas designa a terra em oposição ao céu e não as cavidades subterrâneas. Esse cá embaixo é o lugar intermediário. Ele simboliza o local de provação e da mutação interior, com vistas à ascensão espiritual, mas com o risco de aviltamento, de perversão e da queda para o inferno.

O mundo de baixo é uma expressão que significa movimento, fluxo e refluxo, repetição e ciclos. O homem se alimenta e sente fome do novo, ele bebe e ainda tem sede, usufrui dos prazeres e quer mais. Tudo se enche e se esvazia e volta nova saciedade.

É por isso que se diz que os ímpios caminham em círculos, rodam de maneira comparável a um asno que faz virar a mó. É interessante aqui fazer uma alusão ao que o Hermetismo fala sobre viver no mundo guiado pelos vícios.

Segundo a perspectiva hermética, o homem que não caminha no caminho divino, é guiado pelo que chamamos de cacodaemon, que são os vícios. E, neste tipo de “vida”, ele busca incessantemente a felicidade sem nunca encontrá-la. Tem fome e sede, sem nunca saciá-las.

Perspectiva de Gregório de Nissa

É nesse sentido que Gregório de Nissa fala do homem que, ocupado com suas preocupações terrestres, se parece com a criança que constrói um castelo de areia: basta o vento ou o rolar da areia para que o castelo desmorone. Entretanto, esse movimento pode se tornar um agente precioso na ordem do aperfeiçoamento e da metamorfose do homem.

O progresso do homem depende desse contínuo movimento que é a sua lei própria e que se transforma para ele em um bem. O mundo de baixo é símbolo do movimento e o mundo de cima simboliza a imóvel eternidade. Essa é a opiniao de Gregório de Nissa.

Mais uma vez um parêntese meu, pois essa parte me lembrou de Platão. Segundo sua Teoria das Ideias ou das Formas, onde o mundo sensível (esse nosso) é o mundo de movimento; enquanto o Mundo das Formas é imóvel e eterno.

Simbolismo do Mundo: concepções egípcias

Voltando ao que encontramos no livro, a concepção do mundo inferior, entre os egípcios, vai variar de acordo com as crenças religiosas: ou ele é uma réplica ao inverso do mundo terrestre, com seu céu invertido, seu Nilo e seu sol; ou uma vasta extensão de água, onde o sol noturno, depois da sua morte ao entardecer, encontra as forças de renascimento que já o haviam feito fulgurar na ocasião da criação.

É dentro desse mundo de baixo, coberto de campos e de pântanos, que o morto trabalha e viaja. Mas as ideias sobre a vida do além-túmulo mudaram muito ao longo dos milênios da história egípcia.

Elas poderiam, entretanto, sintetizar-se no seguinte resumo: o dia será reservado à estadia tranquila na tumba, de vez em quando, a passeios pela terra; à noite, em uma viagem subterrânea, o morto acompanhará o sol ao outro mundo, puxando sua barca e fazendo uma parada nos campos de Osíris; quando a aurora raiar trazendo o Sol ao nosso mundo, a alma errante voará depressa de volta a seu túmulo, para aí reencontrara a sombra e a frescura.

Simbolismo do Mundo: concepções gregas e romanas

Segundo as concepções gregas e romanas, numerosos caminhos ligavam os mundos terrestres e infernais, os dos vivos e os dos mortos: crateras vulcânicas, fendas nas rochas, onde se perdem as àguas, extremidades da terra.

Em contrapartida, as montanhas elevadas faziam a comunicação com o céu. Vemos aqui a montanha mais uma vez como símbolo de ascenção.

No entanto, gregos e romanos consideravam diversos estágios celestes e diversos abismos infernais, até o Tártaro, que servia de prisão para os deuses destronados.

Trevas, frio, terrores, tormentos, vida empobrecida e fantasmagórica, caracterizavam os Infernos: luz, calor, alegria, liberdade, reinavam nos céus. Vemos aí uma referência mitológica do Hades, que é um nome que significa “O invisível” que entre os gregos é o Deus dos mortos.

Inferno. Apocalipsis de Beatus (F. 17). Arte medieval catalán. Ano 975 (Catedral de Gerona)

As ilhas afortunadas, as moradas dos bem-aventurados, as Terras hiperbóreas (na Mitologia uma terra mítica, perfeita, localizada na extremidade setentrional da terra), tudo isso era reservado para os heróis e para os sábios. Neste caso, impossível não associarmos ao conceito de Paraíso.

Paraíso (pecado). Pintura mural. Igreja de Santa Cruz. (Madrid, Museu do Prado).

De Homero e Aristofánes para Virgílio e Plutarco, existem várias descrições de descidas aos infernos que testemunham uma estranha fecundidade da imaginação em horrores, bem como uma indulgência na aterrorizante criação livre.

Concepções Celtas do Mundo

De uma perspectiva Celta, Chevalier diz que não há documentos diretos sobre a concepção celta do mundo. Mas, segundo ele, algumas informações podem ser úteis.

Um exemplo: na Gália existe um Marte Albiorix, considerado rei do mundo, uma espécie de reminiscência do anito nome da Grã-Bretanha Albio.

Concepções Maias do Mundo

Para os maias, os principais atributos do submundo onde residiam as forças intenas da terra, uma das quais era a velha deusa terra-lua, eram:

  • O lírio d’água, o broto de milho, a concha, a cor preta, os deuses dos números 5, 7 e 13;
  • O cachorro, o osso e os atributos glípticos do deus 19 (deus da morte), com o cabelo coberto de olhos e três pontos ou anéis alinhados (Thot).

Simbolismo do Mundo no Tarô

O Dicionário dos Símbolos de Chavalier também apresenta o simbolismo do Mundo no Tarô.

O Mundo do Tarô – também chamado de Coroa dos Magos” representa a recompensa, a coroação da obra, o fim dos esforços, sucesso, elevação, iluminação, conhecimento público e eventos de caridade imprevistos.

Na Astrologia, corresponde à décima casa astrológica. Gérard Van Rijnberk identifica o mundo como a Roda da Fortuna – que é o décimo arcano -, já que em certos decks a mulher foca não em uma guirlanda, mas em um globo.

O Mundo, última carta numerada do Tarô (vigésimo primeiro arcano maior) simboliza a expansão da evolução. A construção do Tarô por ternários e septenários da ao número “vinte e um” um valor de síntese suprema: corresponde ao conjunto do que se manifesta, ou seja, o mundo, o resultado da ação criativa permanente (Oswald Wirth).

Carta O Mundo, no Tarô

Temos na carta do Mundo uma jovem nua, cor de pele, com um véu jogado sobre o ombro esquerdo que desce ao seu sexo escondido. Tem uma vara em cada mão. Aqui nos remetemos ao “Mago”, que também tinha na mão esquerda uma vara para coletar os fluidos vitais.

A jovem está de pé e de frente. Seu pé direito repousa sobre uma estreita faixa de solo amarelo, sua perna esquerda está atrás do joelho direito. Interessante observar que “O Imperador” e “O Enforcado” em uma posição equivalente, sinaliza o desejo de “concentrar forças”.

Na carta do Mundo da jovem está no centro de uma guirlanda oval, sucessivamente azul, vermelha e amarela, feita de folhas alongada com veias pretas. Percebemos também dois nós nas extremidades, em forma de cruz vermelha.

Por fim, o vigésimo primeiro arcano simboliza a totalidade do mundo e o homem: o mundo criado incessantemente pelo movimento harmonioso que eles mantêm, os elementos em equilíbrio e o homem em sua ascensão espiritual.

O mundo assim figurado é o símbolo de estruturas de equilíbrio, ou melhor ainda, de acordo coma a expressão de Gilbert Durand, uma estrutura de antagonismo equilibrada.

“Às vezes a Terra gira no abismo, outras ocupa o centro e outras ainda estende-se alongada no espaço imenso.” (William Blake, Jerusalem, 1804).

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Bibliografia consultada:

O Dicionário dos Símbolos, Jean Chevalier, Alain Gheerbrant

Outras consultas:

Wikipédia PT

Imagem de capa: Franciscus Anguilonius, Óptica, por Hrethil

Sobre o autor | Website

À medida que realizo meus estudos alquímicos e que busco praticar os ensinamentos da Grande Arte, trago para este espaço informações e dicas para todos aqueles que, assim como eu, enxergam a Alquimia como possibilidade de transformação e evolução.

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