O paradoxo divino: cuidado com as meias-verdades

O paradoxo divino: cuidado com as meias-verdades

O tema de hoje é bastante intrigante. Primeiro porque traz a palavra “paradoxo”, segundo porque fala de “meias-verdades”. Entendendo a palavra “paradoxo” como um pensamento ou argumento que contraria os conceitos básicos e gerais que normalmente norteiam o pensamento humano, ou ainda que contraria uma crença estabelecida e compartilhada pela maioria, pode-se deduzir que falar sobre paradoxos nem sempre é uma tarefa agradável para algumas pessoas. E, quando o paradoxo é divino, aí é que a coisa se complica. 

Inspirada pelo capítulo VI do livro “O Caibalion”, cujo nome é justamente esse: Paradoxo Divino, venho hoje trazer algumas palavras sobre o assunto. Achei super interessante a leitura deste capítulo e acredito que mesmo as pessoas que não estão inseridas nos estudos da filosofia hermética podem aprender muita coisa com este assunto. 

O Princípio do Mentalismo e o Paradoxo Divino

Mas antes, vamos falar rapidamente sobre o princípio hermético do Mentalismo, que diz que o Todo é mente. O Universo é mental. Se você chegou aqui neste artigo e nunca ouviu falar em leis herméticas, em mentalismo ou até mesmo no Caibalion, vamos abordar bastante o assunto neste blog.

Então, segundo o Princípio do Mentalismo, existimos na Mente Infinita do Todo. Não só eu e você, mas tudo o que existe: universos, outros seres (deste e de outros planos), enfim, tudo o que se pode conceber na existência vive, move-se e existe na Mente do Todo. Se quiser entender Todo como Deus, está valendo também. 

O que isso quer dizer é que somos criações mentais na mente D’Ele. Assim como o dramaturgo que cria seus personagens e histórias, o Todo age. Complexo? Já imaginou olhar a si mesmo, os outros, tudo o que parece tão real ao nosso redor e pensar: nossa, nada disso existe, é tudo ilusão, assim como as histórias e personagens criadas na imaginação de um artista. 

Que Deus é artista ninguém duvida. Mas, qual o impacto de se deparar com essa questão, com o fato de sermos criações mentais? Aí que entra o paradoxo divino e a importância de compreendermos o que ele significa. O paradoxo divino, segundo consta no Caibalion, resulta do Princípio da Polaridade, que começa a se manifestar logo no momento da criação. 

O Universo existe e não existe ao mesmo tempo

O paradoxo divino diz que o Universo, suas Leis, forças, fenômenos e seres, ao mesmo tempo que EXISTE, não EXISTE. Isso mesmo. Ao mesmo tempo que todas essas coisas são como pensamentos na presentes em uma espécie de “estado de meditação” do Todo, ou até mesmo sonho, ele existe como realidade para tudo o que é finito

Isso quer dizer que nós ― mesmo compreendendo o Princípio do Mentalismo, que diz que o Todo é Mente, que somos criações Mentais Dele ― não devemos nos deixar levar pelas meias-verdades e cair na lama da falsa sabedoria. Muitas pessoas, considerando-se sábias, acreditam que devem renegar a própria condição neste plano (que é físico, que é matéria) e cometem o erro de ignorar os fatos e fenômenos do Universo como se mostram para nós, de acordo com nossas faculdades. 

O Absoluto e o Relativo

Há duas polaridades que devem ser consideradas aqui: O Absoluto e o Relativo. Do ponto de vista absoluto, ou seja, do Todo, o Universo, nós e tudo o que conhecemos e não conhecemos, são criações mentais, ilusões. Mas, do ponto de vista relativo, ou seja, para as mentes finitas que fazem parte deste mesmo Universo, ele é real e assim deve ser considerado

Não devemos ficar no meio termo, e sim aprender a analisar as situações e nossa própria existência neste plano sempre medindo entre o Absoluto e Relativo. Precisamos aprender utilizar esse paradoxo para tornar nossa vida neste plano, que é real segundo nossas faculdades, a melhor possível

Por isso, aos estudantes do hermetismo ou mesmo quem está buscando o autoconhecimento, muita atenção para não se colocar em uma posição complicada. Sendo seres finitos, não podemos viver a vida do ponto de vista Absoluto, pois isso só é possível sendo o Todo e não somos Ele. Mas, podemos compreender este ponto de vista, ciente de que somos reais, que existimos na mente do Todo e estamos neste plano para seguir suas Leis. 

Por isso, não devemos ignorar a matéria. Podemos ― e devemos ― não permitir o seu domínio sobre nós, mas jamais nos colocarmos em uma situação de negação diante dos fenômenos e fatos próprios do nosso Plano, que é físico. Se estamos aqui, devemos seguir as Leis, devemos estar de corpo e alma e, com os conhecimentos adquiridos, utilizar as leis superiores para dominar as inferiores

Conservai sempre a vossa mente nas estrelas, mas deixai os vossos olhos verem os vossos passos, para não cairdes na lama, por causa da vossa contemplação de cima.

Em outras palavras, mantenha a humildade e considere tudo, inclusive a si mesmo, sob o aspecto Relativo e Absoluto da existência, para não cair no erro.

No Aspecto Relativo, a matéria é real e não podemos fugir disso. Devemos ter consciência de nossa essência mental, mas não esquecer do que somos feitos neste plano. Precisamos compreender que somos divinos sendo matéria também e não renegar nada que faça parte do plano físico. 

Para finalizar, muito interessante este trecho do capítulo que citamos lá no início:

Desde que reconhecemos a natureza real do Universo, procuremos compreender as suas leis mentais e nos esforcemos em empregá-las para obtermos melhor resultado no nosso progresso através da vida, ao caminharmos de um plano para outro plano de existência“. 

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Sobre o autor | Website

À medida que realizo meus estudos alquímicos e que busco praticar os ensinamentos da Grande Arte, trago para este espaço informações e dicas para todos aqueles que, assim como eu, enxergam a Alquimia como possibilidade de transformação e evolução.

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