O Demiurgo Platônico e a geração da vida cósmica

Você o que é o Demiurgo Platônico? Saiba o que é e qual a visão de Platão sobre a geração da vida cósmica.

O Demiurgo Platônico e a geração da vida cósmica

Saudações, amigos leitores!

Já tem um tempo que quero abordar um assunto muito interessante, que é o conceito de Demiurgo, seja na concepção platônia, seja na concepção gnóstica.

O artigo a seguir é fruto de algumas pesquisas e espero que ajude a entender melhor o que o termo quer dizer. Hoje vamos falar sobre o Demiurgo na visão platônica.

Em nossos estudos sobre o Cosmos, a criação da vida e do Universo Físico, sempre surge essa palavra e, como sou bastante curiosa, fui pesquisar.

Descobri que os estudos ocultos requerem conhecimentos dos mais diversos: Filosofia, as diversas mitologias, simbologia e outros. Isso é ótimo, pois acaba nos levando a obter conhecimento de várias ciências, artes e outros assuntos.

A concepção de um deus regente de um mundo físico/ terreno e inferiorizado em relação ao Deus Altíssimo e Absoluto, é algo que vemos em nossos estudos e que remonta aos primórdios do cristianismo. Mas afinal, o que é um Demiurgo?

Vamos lá descobrir? Fique comigo!

Origem da palavra

A palavra demiurgo é derivada do grego antigo δημιουργός (dēmiourgós), latinizado demiurgus. No grego clássico, Demiurgus quer dizer “artesão” ou “artífice”, ou ainda, “aquele que trabalha para o povo”.

Em algumas crenças, o Demiurgo — considerado esse Artífice, Criador — é considerado em alguns sistemas de crenças a deidade responsável pela criação do Universo Físico.

Platão o definiu originalmente como uma entidade divina e mais tarde o Gnosticismo refere-se a ao termo como um “maligno deus criador do mundo material”.

Entre os filósofos, os estoicos identificaram o Demiurgo como a “Alma do Mundo”. Já o neoplatonista Plotino, o caracterizou como Nous, considerado a primeira emanação do Único.

O Demiurgo Platônico

À nossa pergunta no início do texto, Platão, em seu diálogo Timeu responde: “produtor e pai deste universo“.

Segundo a visão platônica, o demiurgo é um ordenador, um organizador, que já encontrou prontas três coisas, a saber: aquilo que é; aquilo que é corruptível, que se gera; e aquilo em que se gera. Resumindo a visão platônica: o demiurgo é o “artífice” responsável pela geral do Kosmos.

Outra definição que podemos dar ao termo de acordo com o pensamento platônico é o demiurgo como o “deus que ordena a matéria original e dá forma ao universo físico“.

Isso quer dizer que ele é como um fabricante, que cria ele próprio a “alma do mundo”, enquanto os deuses inferiores — também criações do demiurgo — se encarregam da criação dos entes mortais.

Demiurgo Platônico

O demiurgo platônico é um ser situado entre os dois mundos, o ideal e o sensível, colocado no cume do universo físico, como um reitor ou governador.

É a causa divina, o ser que ordenou o mundo. Trabalha sobre a substância do mundo, ajustando se a natureza do substrato de todas as coisas.

No Timeu, a necessidade de explicar a origem e a ordem do mundo leva finalmente Platão a definir claramente os caracteres desse Deus, inferior as ideias e organizador do mundo físico dos seres móveis. (Fraile, 360, §3º, e 361, §§2º a 4º)

Platão, o revolucionário

Um fato interessante sobre a visão de Platão e como ele foi “desbravador” com seu pensamento, é que ele não dava ouvidos às ideias aceitas na pela comunidade grega da época.

Naqueles tempos, os gregos acreditavam fielmente que havia muito inveja entre os deuses e, quando Platão insere no pensamento filosófico a ideia de um deus criador, no mínimo é revolucionário.

A sociedade da época acreditava que o homem jamais deveria aspirar ao poder divino. Platão defendia que o homem, por ter razão divina, deve sim ter aspirações divinas, tendo como referências a beleza e a harmonia presentes no Kosmos. A ética platônica tinha como ideia central assemelhar-se ao divino tanto quanto possível.

Trechos do diálogo Timeu

“Assim, pois, sempre que o demiurgo, olhando para as coisas que são idênticas, das quais se serve na sua qualidade de paradigmas produz a forma e a potência dessas coisas, tudo aquilo que completa deste modo é necessariamente belo; em contrapartida, se olhasse para o que se gera, servindo-se disso como paradigma gerador, já não completaria coisas belas.” (TIMEU, 28b)

“Em minha opinião, temos de começar por distinguir o seguinte: o que é aquilo que é sempre, e não tem geração, e aquilo que se gera sempre, e nunca é? O primeiro pode ser apreendido pelo pensamento, acompanhado pelo raciocínio, uma vez que é sempre desta maneira; enquanto o segundo pode ser opinado pela opinião, acompanhada pela sensação desprovida de raciocínio, uma vez que se gera e se corrompe, nunca sendo realmente.” (TIMEU, 28a)

“Assim, pois, a fim de que fosse semelhante, pela sua unicidade, ao ser vivo total, foi por essa razão que aquele
que fez o mundo ordenado não fez dois, nem um número infinito de mundos ordenados; mas este céu é e será o único da sua espécie.”
(TIMEU, 31b)

E então, o que achou deste texto sobre o Demiurgo Platônico? Com certeza ainda há muito a pesquisar sobre o assunto, mas espero que tenha despertado sua curiosidade.

Bibliografia consultada:

Artigo Científica: Platão e o Papel do Demiurgo na Geração da Vida Cósmica, de João Alves de Araújo Júnior

Livro Timeu e Crítias Ou a Atlântida, Platão.

Sobre o autor | Website

À medida que realizo meus estudos alquímicos e que busco praticar os ensinamentos da Grande Arte, trago para este espaço informações e dicas para todos aqueles que, assim como eu, enxergam a Alquimia como possibilidade de transformação e evolução.

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário

*

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Seja o primeiro a comentar!